sábado, 24 de março de 2012

Um Dia Isto Tinha Que Acontecer....Mia Couto


Existe mais do que uma! Certamente!
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida.
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.
Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.
Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.
Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquer coisa phones ou pads, sempre de última geração.
São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!
A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.
Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.
Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades/características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja! que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.
E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!
Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço?

sábado, 10 de março de 2012

ERAM ASSIM AS NOSSAS MÃES EM MEADOS DO SÉCULO XX


 Coisas que as nossas Mães diziam e faziam...
 Uma forma que hoje é condenada pelos educadores e psicólogos.
 Mas funcionou com as gerações anteriores.
 Talvez se não tivessem mudado tanto, o nosso mundo estivesse melhor...
 (Até a tabuada foi abolida...)

A Minha Mãe ensinou-me a VALORIZAR O SORRISO…
"VOLTAS A RESPONDER-ME E LEVAS NOS DENTES! ‘
A Minha Mãe ensinou-me a RECTIDÃO.
'EU ENDIREITO-TE NEM QUE SEJA PRECISO UMA CARGA DE PORRADA! ‘
A Minha Mãe ensinou-me a DAR VALOR AO TRABALHO DOS OUTROS...
'SE TU E O TEU IRMÃO QUEREM MATAR-SE, VÃO LÁ PARA FORA. ACABEI DE LIMPAR A CASA! ‘
A Minha Mãe ensinou-me LÓGICA E HIERARQUIA.
'PORQUE EU DIGO QUE É ASSIM! PONTO FINAL! QUEM É QUE MANDA AQUI? ‘
A Minha Mãe ensinou-me o que é MOTIVAÇÃO
'CONTINUA A CHORAR QUE EU VOU DAR-TE UMA RAZÃO VERDADEIRA PARA CHORAR! ‘
A Minha Mãe ensinou-me a CONTRADIÇÃO...
'FECHA A BOCA E COME! ‘
A Minha Mãe ensinou-me sobre ANTECIPAÇÃO
'ESPERA SÓ ATÉ O TEU PAI CHEGAR A CASA! ‘
A Minha Mãe ensinou-me sobre PACIÊNCIA
'CALMA!... QUANDO CHEGARMOS A CASA VAIS VER...'
A Minha Mãe ensinou-me sobre RACIOCÍNIO LÓGICO...
'SE CAIRES DESSA ÁRVORE VAIS PARTIR O PESCOÇO E EU AINDA TE DOU UMA SOVA! ‘
A Minha Mãe ensinou-me GENÉTICA
'ÉS IGUALZINHO AO TEU PAI! ‘
A Minha Mãe ensinou-me acerca das minhas RAÍZES
"PENSAS QUE NASCESTE NUMA FAMÍLIA RICA, É? ‘
A Minha Mãe ensinou-me sobre a SABEDORIA DE IDADE
'QUANDO TU TIVERES A MINHA IDADE, VAIS ENTENDER E JÁ SERÁ TARDE DEMAIS. ‘
A Minha Mãe ensinou-me sobre JUSTIÇA
'UM DIA TERÁS FILHOS, E ELES VÃO FAZER CONTIGO O MESMO QUE TU FAZES COMIGO! AÍ VAIS VER O QUE É BOM! ‘
A Minha Mãe ensinou-me RELIGIÃO
'REZA PARA QUE ESSA MANCHA SAIA DO TAPETE!'
A Minha Mãe ensinou-me DETERMINAÇÃO
'VAIS FICAR AÍ SENTADO ATÉ COMER A COMIDA QUE TENS NO PRATO!'
A Minha Mãe ensinou-me a SER OBJECTIVO
'EU CORRIJO-TE DE UMA SÓ VEZ!
A Minha Mãe ensinou-me a TER GOSTO PELOS ESTUDOS
'SE EU FOR AÍ E NÃO TIVERES TERMINADO A LIÇÃO, ESPERA QUE VAIS VER!...'
A Minha Mãe ensinou-me os NÚMEROS
'VOU CONTAR ATÉ DEZ. SE ESSE VASO NÃO APARECER AINDA LEVAS UMA SOVA!

E eu não fiquei traumatizado!

Obrigado
M ã e ! ! !

domingo, 4 de março de 2012

Por isto é que somos o "Melhor do Mundo"

Ser Benfiquista em terra de portistas...

Isto de ser Benfiquista em terra de portistas tem que se lhe diga.

Para usar um eufemismo, será assim como ser palestiniano em Israel. Só que pior, porque ao menos eles com as bombas ainda matam uns quantos israelitas!

Não há terra mais violenta e agressiva em relação à sua fé desportiva do que a cidade do Porto.

Já sei, as claques violentas também existem no Benfica e no Sporting e, de vez em quando, já se sabe, há merda.

Caem varandas e rebentam explosivos em pleno estádio e partem-se carros e são, no seu geral, parvalhões com problemas de auto-controlo. Parvos há-os em todo o lado, com mais ou menos concentração per capita.

Mas no Porto não. A violência pode não ser toda de explosivos feita, mas é uma constante.

Principalmente se dirigida a um Benfiquista.

O simples facto de existirmos e respirarmos, às vezes perto demais pelos vistos, irrita os portistas. E de dentro da mais civilizada pessoa, às vezes até de amigos, sai um monstro que quer, literalmente, arrancar-nos a cabeça só porque um de nós é mais vermelho e branco.

Não se iludam, aqui não há saudáveis e divertidas trocas de galhardetes, "porque a minha equipa é melhor que a tua", aqui há uma perseguição cerrada e doentia ao Benfiquista, como se hereges fôssemos a fugir da fogueira da Inquisição”.

Eu compreendia que se debatessem os jogos entre as duas equipas, toda a gente sabe que os árbitros roubam, às vezes joga-se melhor ou pior, etc. Mas não. O portista gosta de chatear o Benfiquista em várias ocasiões, a saber:

Sempre que pode;

Sempre que o porto joga;

Sempre que o porto ganha;

Sempre que o porto perde (esta nunca percebi);

Sempre que o Benfica joga, ganha, perde, empata ou vê anulado um golo.

Por: http://istoedejoana.blogspot.com/2008/10/portista-ou-missionrio.html